8 de agosto de 2009

CEGO, SURDO E MUDO

Faz tanto tempo que não venho até aqui que nem sei se perdi o jeito. Não sei se ainda quero falar, ou melhor, nem mesmo sei se vale a pena escrever, desabafar, transmitir alguma coisa minha pra quem quer que seja. Sou um desajeitado. Um ferreiro que malha ferro à frio e em cuja casa os espetos são de bambu.

Lembro uma vez com Gabriel da banda Autoramas, nós dois debruçados num balcão, bêbados, escrevendo juntos uma letra que nunca gravamos, mas que ainda me lembro: “Sinto-me um herói, minha imagem é um exemplo para as outras pessoas, na minha vida nunca fiz nada de errado, humildemente sou o melhor... é bom pensar e concluir que sou perfeito...”. Prepotência de bêbado ou ironia com a própria condição humana?

A condição humana que me atinge assim como a todos, o saber não “poder” mudar simples coisas cotidianas, influenciar pequenas atitudes, pensamentos, movimentos, a não ser os nossos próprios. Acho mesmo que só desse reflexo alguém pode tirar algum proveito e transforma-se, influenciar-se por outrem.

Não pretendo mudar ninguém. Faço o que posso para ajudar a quem precisa. Aconselho quando sou consultado, mas... nada disso adianta. Sei como Deus se sente agora tendo nos concedido o direito ao livre arbítrio, e pelo mesmo motivo sei que cada um rege sua própria orquestra, toca sua própria música, seguindo nada mais que seus instintos e interesses. Nunca por mim, por você ou por nós. Sempre por si.

Boa música! Mas eu prefiro ser surdo.

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