21 de março de 2009

DA CAVERNA DE PLATÃO À CAVERNA DO DRAGÃO

Ontem a noite não estava bem. Lembro de um episódio de Caverna do Dragão, um desenho animado que acho que muita gente conhece, onde as personagens buscavam sempre um caminho de volta para casa, em todos os episódios. Em um, esse que me lembrei, uma das chances de saída era encontrar um homem. Na busca se depararam com um monstro e tentaram combatê-lo, até descobrir que o monstro era o homem que procuravam. O monstro não falava, era julgado só por sua aparência e pelos grotescos sons que emitia. Havia sofrido um encanto do Vingador, que o transformara em monstro. Era sua prisão sem muros.

Sou esse monstro e os personagens. Busco todos os dias o caminho de volta. Estou preso. Uma prisão sem muros, muito mais poderosa e disciplinadora que o modelo de Foucault. Ela me tira quase tudo. A alegria, mesmo estando ao seu lado. A paz mesmo sem motivos para estar em alerta. A paciência apesar de não haver motivos para zangar-me. A esperança... Mesmo tendo competência para conquistar meus desejos.

Dentro de mim, o jovem cavalheiro mal-humorado, a jovem invisível, o pequeno bárbaro e o valente arqueiro, nunca conseguem dialogar com o monstro sem voz e achar a saída para casa.

Onde andam meus pensamentos? Essa estúpida sensação de impotência e irrelevância que angustiam e espremem meu peito com tamanha força... O Mestre dos Magos bem que poderia apontar um novo caminho. Gandhi dizia que “não há caminho para a paz, a paz é o único caminho”. Faz todo sentido. Como faço para destrancar meu peito dessas grades que eu mesmo criei? Sou o Vingador. Onde será que estão as chaves para essa jaula cada vez menor, para um coração cada vez maior que se enche de amor e amargura, de dor e júbilo, de doçura e fúria, de todas as dicotomias afinal.

Amo tanto vocês... Andréa, Arthur, Amanda, Alex... Meu pai e minha irmã, meus queridos novos amigos que abrilhantaram os últimos anos. Ana e Clayton maiores amigos e mais antigos e que tanto amo. Todos vocês tornaram minha vida repleta de momentos maravilhosos e queria agradecê-los por tanta força que fizeram pra me ajudar, principalmente minha maior amiga, amante e companheira, Andréa, que me empurra vida à frente há uns vinte anos. Sou um humorista. E como a maioria, mal-humorado. Minha alegria é causá-la. Não tenho deixado as pessoas felizes. Perdi o tato, o ânimo, a vitalidade para tal.

Espero que a ferrugem esteja finalmente a corroer as grades e minha liberdade esteja próxima. Pena que sou grande demais para que alguém possa me suportar nos braços. Não tenho esse privilégio. Já basta o sustento material. Entendo que ninguém pode fazer nada. Pena que nem eu consiga. Sempre amei a vida e a eternidade, o infinito... O Mar, que adoraria poluir com as cinzas que sobrarem de mim quando partir.
Não acredito na morte e tampouco sou dado à loucura. Que eu possa em breve retornar desse passeio nessa montanha russa dimensional e que consiga voltar a ser o que sempre fui. Enquanto isso, perdão pela minha ausência. Também não sei onde estou.

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