Marx mostrava – desesperado acredito – como o operário das fábricas era alienado sobre o próprio objeto do seu esforço e como perdia a noção do que produzia e conseqüentemente desconhecia o valor de seu trabalho.
O antigo artesão dominava todas as etapas de produção do objeto produzido, o novo operário não era capaz de sozinho produzir nada. Assim como eu.
Desse modo o indivíduo era totalmente dependente da indústria, tanto para ter renda quanto para consumir. Mas isso já atravessa séculos.
O maior problema, o que mais me corrói, é a alienação da capacidade intelectual. O especialista, uma invenção bem mais recente, é alguém que entende tudo de um pedaço muito pequeno. E praticamente nada do todo do qual aquele pedaço faz parte.
A fragmentação do conhecimento me apavora. Um médico receita um remédio para seu tornozelo e lhe mata por aumentar sua pressão. Um sociólogo analisa a sociedade do ponto de vista do favelado como vítima e esquece que também há demônios entre eles. Um cientista cria uma nova forma de manipulação genética e não conhece nada da história da humanidade e das antigas tentativas.
Não consigo ver uma parte sem analisar o todo. O todo é complexo e possui várias nuances. Pessoas são complexas. Sociedades são complexas. Não há explicação fragmentada para nenhuma de minhas questões.
Não há como entender um enorme quebra-cabeças olhando apenas para uma ou duas peças.
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