8 de março de 2009

KARL MARX E A MINHA ALIENAÇÃO

Marx mostrava – desesperado acredito – como o operário das fábricas era alienado sobre o próprio objeto do seu esforço e como perdia a noção do que produzia e conseqüentemente desconhecia o valor de seu trabalho.

O antigo artesão dominava todas as etapas de produção do objeto produzido, o novo operário não era capaz de sozinho produzir nada. Assim como eu.

Desse modo o indivíduo era totalmente dependente da indústria, tanto para ter renda quanto para consumir. Mas isso já atravessa séculos.

O maior problema, o que mais me corrói, é a alienação da capacidade intelectual. O especialista, uma invenção bem mais recente, é alguém que entende tudo de um pedaço muito pequeno. E praticamente nada do todo do qual aquele pedaço faz parte.

A fragmentação do conhecimento me apavora. Um médico receita um remédio para seu tornozelo e lhe mata por aumentar sua pressão. Um sociólogo analisa a sociedade do ponto de vista do favelado como vítima e esquece que também há demônios entre eles. Um cientista cria uma nova forma de manipulação genética e não conhece nada da história da humanidade e das antigas tentativas.

Não consigo ver uma parte sem analisar o todo. O todo é complexo e possui várias nuances. Pessoas são complexas. Sociedades são complexas. Não há explicação fragmentada para nenhuma de minhas questões.

Não há como entender um enorme quebra-cabeças olhando apenas para uma ou duas peças.

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